Unidade de Gerenciamento de Lodo no terreno da ETE Canasvieiras – Fotos: Divulgação / Casan
Em mais uma ação que busca inovar nos serviços de saneamento, a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) avança com os testes da Unidade de Gerenciamento de Lodo em Leitos Filtrantes com Plantas na Estação de Tratamento de Esgoto de Canasvieiras, em Florianópolis. Nesta quinta-feira (05), ocorreu uma visita técnica ao local do engenheiro Químico da Casan, Alexandre Bach Trevisan e o professor da UFSC, Pablo Heleno Sezerino.
Resultado de uma parceria entre a Companhia e o Grupo de Estudos em Saneamento Descentralizado (GESAD/UFSC), a Unidade servirá para estudos no tratamento do lodo vindo de fossas sépticas. Durante a vistoria, os especialistas avaliaram o crescimento da vegetação plantada em setembro e retiraram ervas daninhas dos dois módulos de 60 m² instalados no terreno da ETE Canasvieiras.
Atualmente, o local é irrigado semanalmente com uma mistura de lodo de caminhões limpa-fossa e água para a adaptação das mudas. A previsão é que a partir de fevereiro de 2025 as plantas passem a receber o lodo diretamente. Com o conhecimento gerado em Florianópolis, será possível replicar as estratégias operacionais em outras unidades pelo Estado, como a de Descanso, no Oeste, que já está em funcionamento.
“Essa é uma ‘Unidade Escola’, em que serão testadas várias situações operacionais para depois replicar em outras regiões atendidas pela Casan. A ideia é que soluções de tratamento como essa possam ser utilizadas em unidades operacionais, como em Descanso. Por lá, o piloto do Programa Esgotamento Sobre Rodas foi iniciado recente e está levando o lodo de fossas sépticas para uma Unidade operacional em escala real”, explica Trevisan.
O projeto de pesquisa “Unidade de Gerenciamento de Lodo de Tanque Séptico Empregando Wetlands Construídos” tem vigência até o ano de 2026 e contará com R$ 500 mil investidos pela Companhia. “Essa é uma pesquisa de extrema importância, já que 59% dos municípios de Santa Catarina possui menos de 10 mil habitantes e têm predomínio do uso de tanques sépticos, as populares fossas. Várias técnicas de tratamento existem, mas essa técnica dos leitos filtrantes com plantas é vantajosa por ser uma solução sustentável e com economia na operação”, explica o professor Pablo Sezerino.
A TECNOLOGIA DE WETLANDS
Referência em modelo francês
O modelo de Wetlands implantado pela CASAN é inspirado em um sistema adotado em Négrepelisse, na França. O modelo está sendo implantado pela Companhia de forma pioneira no país no setor de tratamento de esgoto, na cidade de Descanso.
Solução Baseada na Natureza
Os Wetlands construídos são considerados uma Solução Baseada na Natureza (SBN), ou seja, um tipo de tecnologia que visa a gestão sustentável de recursos. Os módulos utilizam as chamadas macrófitas, são plantas aquáticas que vivem em regiões de brejo. As plantas utilizadas nos leitos são capazes de suportar variações climáticas e têm características físicas que tornam o ambiente hostil para a entrada de animais. “Nós temos aqui um leito filtrante com plantas, que fica acima de camadas de areia, pedrisco e brita. Na unidade da ETE Canasvieiras, usamos a planta do vime, que foi considerada adequada para esta pesquisa por se aclimatar bem em Santa Catarina e possuir potencial de uso, valorizando os subprodutos do tratamento”, explica Trevisan.
Como funciona o tratamento?
Para o tratamento acontecer, o esgoto é despejado na parte superior dos leitos dos wetlands, que absorvem os poluentes e retiram a umidade do lodo. Além das plantas, bactérias e fungos também se alimentam do lodo, garantindo um tratamento ecológico, seguro, e sem a utilização de produtos químicos. A parte líquida então escorre para um cano no fundo do reservatório e depois é destinada a um sistema de retorno para os próprios Wetlands onde é realizada uma segunda etapa do tratamento. Já a parte sólida do lodo é mineralizada, isto é, se transforma em um material com propriedades similares ao solo. “Isso faz com que, para além do tratamento de esgoto, esse produto pode ser reaproveitado depois como material para recuperar terrenos degradados no setor agrícola, por exemplo”, conclui o professor Pablo Sezerino.
Fonte: Governo SC