A 28ª Conferência de Mudanças Climáticas (COP 28), da Organização das Nações Unidas (ONU), ocorre de 30 de novembro ao dia 12 de dezembro, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. A Conferência é a principal cúpula da ONU para debate sobre questões climáticas. Cientistas climáticos da ONU e o Relatório Síntese do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), apresentado em março de 2023, alertaram o mundo sobre possíveis tragédias relacionadas ao clima e a imprevisibilidade se nada for feito, mostrando a necessidade de uma ação pelos governos, empresas e sociedade como um todo.
O Brasil marcou presença na COP 28. Mais de 100 lideranças empresariais, em especial da indústria, prestigiam a Conferência, mostrando a representatividade de Santa Catarina. Empresas catarinenses tiveram a oportunidade de apresentar ao mundo o que estão fazendo para conter as mudanças climáticas e também para fazer negócios. Entre as presentes no evento estão a JBS, BRF, WEG, Engie e Krona.
Algas Brasil na COP 28
O deputado estadual Jair Miotto (União Brasil), que é presidente da Comissão de Economia, Ciência, Tecnologia e Inovação, da Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc), destaca a participação da empresa Algas Brasil na COP 28. Localizada no Ribeirão da Ilha, em Florianópolis, a Algas Brasil é a primeira fazenda marinha de Santa Catarina a realizar o cultivo comercial da macroalga Kappaphycus alvarezii.
Uma delegação da Algas Brasil participou da COP 28. O grupo foi formado pelos CEOs, Aldair Júnior e Sandra Anversa, pelo diretor de Negócios, Adriano Cláudio, pelo diretor de Produção, Gabriel Santos, e pelo diretor de P&D, Brener Marra. A participação se deu depois do convide feito por um programa de uma empresa ligada ao Governo Escocês e à ONU que trabalha identificando startups no mundo, que tenham um produto e um serviço que impactem, positivamente, o meio ambiente, principalmente, relacionado à questões climáticas e ao carbono zero.
O diretor de Negócios, Adriano Cláudio, fez apresentação de um trabalho durante a COP 28. “Fomos convidados a apresentar as soluções da Algas Brasil, através do plantio da alga e aplicações geradas. No Brasil, apenas três empresas participaram. A Algas Brasil foi a única empresa de algas e a única empresa que consegue trabalhar nas duas frentes: na linha da agricultura, com foco na regeneração do solo e da vida marinha e também na questão do carbono zero”, explica Cláudio.
De acordo com ele, a participação foi muito positiva, tanto para ter uma ideia da relevância do evento, quando na questão do impacto que o produto da Algas Brasil gera e a contribuição com o mundo. “Tivemos contatos com empresas, desde investidores, até potenciais clientes de várias regiões do mundo, Estados Unidos, Inglaterra, Índia. Isso mostra que estamos no caminho mais do que certo, pois pessoas que estão muito à frente da informação e visão do que o mundo precisa fazer e onde ele quer chegar, conseguem perceber que o nosso produto encaixa como uma luva nessa caminhada e no alcance desse objetivo”, comemora o diretor de Negócios.
Desde o início do cultivo comercial, a Algas Brasil tem procurado buscar expandir o mercado e a qualidade do serviço. Segundo o diretor de Produção, apesar do alto volume de chuva registrado no Estado, a perda foi pequena. O processamento das algas começou em novembro. “A safra 2023/2024 da Algas Brasil está com 31 produtores cadastrados, fornecendo algas para a empresa. Até o fim da safra 2024, que deve ocorrer em junho/julho, devemos produzir em torno de 600 a 700 mil litros de extrato de algas. Para isso, a Algas Brasil comprará 600 toneladas de algas dos produtores”, revela Santos.
Deputado contribuiu para a liberação do cultivo
A macroalga produz a carragenana, usada como espessante pelas indústrias farmacêuticas, cosmética, química e alimentícia. A liberação do cultivo comercial da macroalga Kappaphycus alvarezii é recente em Santa Catarina, ocorreu em janeiro de 2020. Até então, só era concedida aos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. “A liberação foi conquistada a muitas mãos, depois de mais de 10 anos de pesquisas.
Desde o início da nossa primeira legislatura, em 2019, nos empenhamos, juntamente com a Secretaria de Estado da Agricultura, com a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e com o setor da maricultura, para que o cultivo comercial da macroalga se tornasse realidade no Estado”, recorda o deputado.
Na Alesc, o parlamentar criou uma Comissão Mista que buscou, junto aos órgãos competentes, a liberação do cultivo comercial da macroalga. “Com muita alegria, acompanhamos a evolução do cultivo em Santa Catarina. Parabéns, Algas Brasil pelo empenho e por não desistir diante das barreiras.
Os sócio-proprietários, Ademir Dario dos Santos e Gabriel Ademir dos Santos, nos procuraram lá em 2019, buscando apoio para a liberação. Hoje, estamos vivendo a realidade de um projeto muito promissor para os maricultores e para o Estado e que levou a Algas Brasil até a COP 28, em Dubai”, parabeniza o deputado Miotto.
Safra da alga em Santa Catarina
O estado encerrou, em julho de 2023, a segunda safra da macroalga Kappaphycus alvarezii. O cultivo foi destinado, principalmente, à indústrias de biofertilizantes. Mas, segundo o pesquisador do Centro de Desenvolvimento de Aquicultura e Pesca (CEDAP), da Epagri, Alex Alves dos Santos, o uso vai muito além.
A produção de biofertilizante ainda é o carro chefe, mas a Epagri está com uma parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) para desenvolver pratos a base de algas, realizando oficinas para a indústria alimentícia, visando incluir a alga na produção de pães, pizzas e bolos. “Para 2024, vamos realizar a captação de recursos para financiar os estudos para elaboração de cosméticos a base alga, como cremes, produtos de cabelo. Este será o desafio para o próximo ano. São ações para que o produtor não fique dependente apenas do biofertilizante”, detalha Santos.
A Safra 2022/2023 da macroalga em Santa Catarina foi de 300,35 toneladas, representando um aumento de 193,56% em relação à safra 2021/2022. Atuaram diretamente na produção 22 agricultores: 10 de Florianópolis, cinco de Palhoça, três de Penha, dois de Porto Belo, um de Governador Celso Ramos e um de São Francisco do Sul.
O número representa um aumento de 450% em relação à safra anterior, que contou com quatro agricultores. “Florianópolis foi o município que mais contribuir com a produção, 188,30 toneladas, um aumento de 221,8% em relação a outra safra”, revela Santos.
A área total cultivada foi de 9,59 hectares, resultando em uma produtividade de 31,32 toneladas por hectare. “A área cultivada foi considerada baixa quando comparada à produtividade esperada de 64,5 t/ha. Isso se deu, principalmente, devido a fatores climáticos”, destaca Santos.
O estado comercializou 300,35 quilos de algo in natura na safra 2022/2023, praticando o preço médio de R$ 2,80 por quilo. “Resultaram em uma movimentação financeira de quase R$ 850 mil, com a venda direta de alga, que foi transformada em extrato de alga, o chamado biofertilizante. O rendimento médio foi de 80%, obtendo mais de 240 mil litros de biofertilizante. Comercializado a R$ 18 o litro, resultaram em R$ 4,3 milhões”, finaliza Santos.
Outros projetos em Santa Catarina
Na quinta-feira (7), o deputado Miotto esteve na Secretaria Municipal de Agricultura, Pesca e Aquicultura de Biguaçu, para uma reunião com o objetivo de conhecer a Associação Algas Biguaçu. Na ocasião, foram apresentados projetos futuros para o desenvolvimento pesqueiro e aquícola do município de Biguaçu, com o objetivo de fomentar e fortalecer a pesca e aquicultura para obter o desenvolvimento sustentável e prático.
“Projetos que visam a construção de galpões para as embarcações, ranchos para pescadores e aquicultores, reimplantação dos parques aquícolas, e o de maior destaque, em minha opinião, o projeto que visa a implantação de um Centro de Referência de Inovação e Pesquisa da Vida Marinha e Reprodução de Mudas de Macroalgas”, detalha o deputado Miotto.
O parlamentar foi recebido pelo secretário municipal de Agricultura, Pedro Luiz de Aquino Nau, pela diretora de Agricultura, Alice Momm, e por alguns fundadores da Associação, entre eles, Sérgio Momm. “Buscamos apoio do deputado Miotto que levanta essa bandeira do desenvolvimento sustentável. Fizemos alguns encaminhamentos para que o cultivo da macroalga em Biguaçu seja referência em Santa Catarina e no Brasil”, projeta o secretário de Agricultura.
Fonte: Agência ALESC – Gabinetes