Santa Catarina tem recorde histórico de transplantes em fevereiro

Com um salto de 654 cirurgias, em 2008, para 1.217 procedimentos, em 2018, Santa Catarina segue batendo recordes em doações de órgãos. Em uma década, houve aumento de 53% no número de transplantes no estado.

Em fevereiro, o estado registrou o melhor desempenho da história em doações múltiplas de órgãos para o mês. Com quatro procedimentos realizados apenas nos dois últimos dias do mês, a SC Transplantes contabilizou um total de 24 doações no período. Os dados são da Central Estadual de Transplantes.

De acordo com o coordenador da SC Transplantes, Joel de Andrade, historicamente o mês de fevereiro tem baixos índices de doações. Os números mais expressivos foram registrados em 2016 e 2017, com 20 ocorrências cada. Sobre o segundo mês do ano não ter tantas doações de órgãos, Andrade afirma não haver um motivo específico. Destaca que as variações entre os meses são comuns, já que o efetivo transplante depende de uma série de fatores.

Joel Andrade ressalta que são vários os fatores que devem ser destacados. “Podemos falar, em primeiro lugar, da solidariedade do povo catarinense. Cada vez mais os catarinenses têm aderido à questão da doação. Em 2007, 70% das famílias catarinenses diziam não; 30 diziam sim. Hoje, mais de 70% dizem sim e menos de 30% dizem não.

Tivemos uma evolução espetacular. Existe um trabalho muito sério desenvolvido pela Secretaria de Estado da Saúde, por meio da SC Transplantes, educando coordenadores de transplantes. Hoje nós temos, senão a melhor, uma das melhores redes de coordenadores do Brasil, colocadas nos nossos principais hospitais e fazendo com que se torne mais fácil para as famílias discernir sobre todas as questões que vão fazer com que elas decidam se devem doar ou não. A gente acolhe essas famílias, ajuda, tem sido parceiro delas e muitas vezes elas nos respondem com um sim.”

Iniciativas do setor público, como a disponibilização, esse ano, de aeronave do governo, também são citadas por Joel como ganhos. “Esse ano o governador resolveu disponibilizar uma aeronave de uso exclusivo do executivo para compartilhar com a SC Transplantes. Isso tem facilitado muito a questão da logística, do transplante de órgãos, de amostras. Essa iniciativa valida para toda a sociedade esse processo e facilita a tomada de decisões em relação à doação.”

Restrições para doação
A restrição aumenta para doação de fígado e rins, com o passar do tempo. No ano passado, foram realizados 1.217 transplantes nos seis hospitais do Estado que, atualmente, realizam o procedimento em Blumenau, Joinville, Florianópolis, Chapecó, Jaraguá do Sul e Itajaí. O mais frequente foi o de córnea, com 462 procedimentos, seguido do de rim, com 284, e de fígado, com 135 transplantes.

O rim, aliás, também representa a maior parte dos casos em fila de espera em Santa Catarina, com 352 pessoas aguardando o órgão em dezembro do ano passado. A fila de espera e a doação efetiva do órgão são fenômenos independentes, explica Andrade.

A procura por transplantes de rins, segundo Joel, se dá pela quantidade de casos de diabetes e hipertensão apresentadas pela população brasileira. O médico alerta para a prevenção e o cuidado com a saúde. “Essas são as formas de evitar essas duas doenças, que prejudicam diretamente os rins.”

Desafios
Segundo o coordenador da SC Transplantes, o maior desafio é tornar as diversas etapas desse processo ainda mais fluidas e vencer. “Ter mais autorização das famílias, ter uma melhor manutenção dos órgãos, ter uma logística impecável, crescer em todos os aspectos e fazer isso não só porque precisamos de números, de recordes, mas porque precisamos mais do que tudo de órgãos que salvem as pessoas que dependem de um transplante para poder viver melhor.”

Joel destaca que a SC Transplantes é uma estrutura que vai completar 14 anos de liderança no processo de doação e transplante de órgãos. “Nesses 14 anos, nós fomos lideres por 13 anos. Atualmente, nós somos o segundo melhor estado do país.”

Lei estadual
A Lei nº 17.695, de 15/01/2019, proposta pelo ex-deputado Valmir Comin (PP) em 2016 e aprovada na Assembleia Legislativa no mesmo ano, foi sancionada pelo governador Carlos Moisés da Silva, em janeiro de 2019. Essa lei instituiu o selo “Santa Catarina por uma Nova Vida”, destinado ao reconhecimento de pessoa, profissional ou instituição, pública ou privada, que contribua para o aumento do número de doadores de órgãos e tecidos ou atue para promover o desenvolvimento técnico-científico em transplantes.

Redação SC Hoje
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