Em julho de 2025, o Bolsa Família passou por ajustes relevantes via Portaria nº 1.907 do Ministério do Desenvolvimento Social, que entram em vigor neste mês e valem para todo o Brasil. A principal novidade é a priorização de segmentos mais vulneráveis, especialmente famílias em situação de rua, pessoas com insegurança alimentar ou que enfrentam violações de direitos. A inclusão dessas pessoas prioritárias obedece ao critério do Cadastro Único, garantindo foco nos que mais precisam.
Critérios reforçados e integração com políticas sociais
Reforçando sua abordagem multidimensional, o programa intensifica a integração com políticas de saúde e educação. Agora, fiscaliza com mais rigor os requisitos de frequência escolar e acompanhamento de vacinação, além de monitorar de perto a condição de gestantes. Em paralelo, a atuação de equipes do CRAS ganha peso no suporte direto a essas famílias.
Regra de Proteção: menos tempo de permanência
Desde junho de 2025, a chamada “regra de proteção” — que permite manter 50% do benefício por até 24 meses mesmo com renda acima do limite — foi reduzida para apenas 12 meses para quem ingressar após essa data. Famílias que já estavam nessa situação até maio continuam com o benefício parcial por até dois anos. A intenção é tornar o programa mais sustentável e focalizar o auxílio em quem realmente está em condições mais frágeis.
Quem sai e quem permanece
Com o ajuste, cerca de 958 mil famílias deixaram o programa em julho de 2025. Desse total, 536 mil completaram 24 meses na regra de proteção e outros 385 mil ultrapassaram o teto de renda per capita de R$ 759. Segundo o governo, a elevação da renda dessas famílias reflete melhora no mercado de trabalho — em 2024, mais de 1,27 milhão de beneficiários pegaram empregos com carteira assinada.
Fiscalização digital eficiente
A modernização do Cadastro Único e o cruzamento automático de dados — como informações do CNIS — permitiram uma fiscalização mais afinada, resultando, desde 2023, na exclusão de 8,6 milhões de cadastros irregulares. Em julho, a quantidade de beneficiários caiu ao menor patamar desde 2022, segundo o Poder360, que destacou que 855 mil famílias saíram do Bolsa Família no mês.
Apesar desses cortes, estão mantidos os valores-base e os benefícios adicionais:
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R$ 600 como valor mínimo por família;
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R$ 150 por criança até 6 anos;
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R$ 50 para gestantes e jovens de 7 a 18 anos;
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R$ 50 extras para nutrizes (mães de bebês até 6 meses).
Impacto político e social
Especialistas indicam que a redução no tempo da regra de proteção pode não trazer ganhos políticos ao governo — embora o Bolsa Família continue sendo um importante instrumento de inclusão social, especialmente no Nordeste.
Além do efeito social, o ajuste representa uma resposta à pressão fiscal, já que o orçamento de 2025 prevê cerca de R$ 158,6 bilhões para o programa — abaixo dos R$ 168 bilhões gastos em 2024.

