O Governo Federal optou por manter a liberação do consignado do Bolsa Família. Contudo, o Ministério do Desenvolvimento Social optou por estabelecer uma série de barreiras para que as pessoas tenham mais dificuldade de solicitar o crédito junto a uma instituição financeira.
O objetivo de aplicar as mudanças foi mesmo desestimular os usuários do programa. Ao menos foi o que disse o Ministro do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias (PT). Em entrevista à emissora Globo News nesta sexta-feira (24), ele deu mais detalhes sobre a decisão.
“O objetivo, e quem tomou a iniciativa foi o próprio Ministério do Desenvolvimento Social, era restringir. ‘Ó. O limite de juros agora é esse, o prazo é esse aqui agora’. Com base nisso, a Caixa Econômica fez as contas. ‘Não dá pra operar’. Da parte do Ministério a gente desestimulou mesmo. Aqui não tem meias palavras”, disse o Ministro.
“De verdade, consignado é para assalariado, seja servidor público, seja empregado do setor privado. Nós estamos falando aqui de um recurso, que é o esforço do povo brasileiro, de um lado para resolver o problema da segurança alimentar e nutricional”, disse o Ministro na entrevista.
Dados do Banco Central (BC) apontam que apenas na Caixa Econômica Federal, quase R$ 8 bilhões foram emprestados para usuários do Auxílio Brasil e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Cerca de 95% deste saldo foi liberado durante o segundo turno das eleições presenciais.
Caixa decidiu suspender
Da parte da Caixa Econômica Federal, a opção foi pela suspensão completa do consignado. Por meio de uma nota, a instituição financeira afirmou que fez as contas, e que optou por não mais oferecer este sistema.
“A Caixa informa que os estudos técnicos sobre o Consignado do Auxílio foram concluídos e que o banco decidiu retirar o produto de seu portfólio. A linha de crédito estava suspensa desde o dia 12 de janeiro para revisão”, disse o banco por meio de uma nota divulgada nesta quinta-feira (23).
“O pagamento das prestações continua sendo realizado de forma automática, por meio do desconto no benefício, diretamente pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome”, diz a nota, reafirmando que as pessoas que já solicitaram o crédito, seguem no esquema.
Rita Serrano defende fim do consignado
Em entrevista ao jornal Valor Econômico, a nova presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano, confirmou que o banco não vai mais oferecer o crédito. Além disso, ela também deixou claro que não haverá nenhuma anistia para as pessoas que já contraíram dívidas.
“Com as novas regras, a operação não se paga. Além disso, esse produto teve um cunho eleitoral, a Caixa foi o banco que mais ofertou crédito, com R$ 7,6 bilhões. É uma excrescência. Não posso ofertar crédito em um auxílio para uma pessoa se alimentar. Na minha opinião, isso tem de ser anulado”, disse.
“Não podemos fazer por aqui (a anistia para endividados do consignado). Se houver, deve ser com recursos do Tesouro”, disse ela