A Prefeitura de Florianópolis, por meio da Secretaria de Assistência Social, atua para promover direitos da população da Capital. Um dos meios para discussão sobre direitos de pessoas negras é a discussão antirracista. Pensando nesta inciativa, a equipe técnica da Secretaria realizou ao longo desta sexta-feira, 19 de novembro, uma série de ações em abrigos para pessoas em situação de rua.
Na Casa Rosa, a manhã foi marcada pela exibição do Curta Alva Paixão, de Maria Emília. A produção conta a história de Cruz e Sousa e sua contribuição para poesia e marco importante para cultura do povo negro da Capital e do Brasil. Assistindo à exibição estava Antônio Cesar Meneses de 54 anos. Ele nunca tinha aprendido algo sobre Cruz e Sousa e ficou encantado por sua importância histórica.
– Nunca ouvi nada sobre Cruz e Sousa. Acho importante falarmos sobre isso, até para que essa geração entenda o que aconteceu para não repetir algumas atitudes. Quando eu era criança na escola não queriam chegar perto de mim pois eu sou negro. Sabe, quando você é negro parece que você não é batizado com um nome (…) Não te chamam pelo nome e sim de palavras como neguinho,negão, nego véio. Essa história é importante pois os negros podem chegar sim em qualquer lugar – comenta.
O homem está acolhido há 9 meses na Capital e realiza tratamento no CAPS. A equipe da Assistência Social o auxiliou para tirar documentos, acolhimento e outras ações para que em sua estadia pudesse se tratar e buscar cura psicológica.
Ao lado da conversa, que também contava com a presença de outros acolhidos, um homem que prefere não ser identificado, comenta que se sente segregado quando ao fazer uma entrevista de emprego precisa falar sua cor.
– Por que quando eu faço uma entrevista de emprego tenho de falar a cor que eu sou? Sinto como se as pessoas achassem que negros não são educados. Negros, brancos, pardos, amarelos, todos podem ser mal educados ou não – comenta.
Na Passarela da Cidadania, além da exibição da filmagem os acolhidos tiveram roda de conversa sobre a temática, fizeram tranças, leram poesias e puderam expor seus sentimentos sobre o que é ser uma pessoa negra. A Casa de Acolhimento Continente, também fez a exibição do Curta.
A Prefeitura de Florianópolis, reforça a importância da luta antirracista e da discussão sobre o assunto em todas as esferas da sociedade.