“Choro ao pensar que 33 milhões de reais poderiam salvar tantas vidas”. Foi assim que a vice-governadora Daniela Reinehr terminou extensa e dura carta enviada ao governador Carlos Moisés na terça-feira (23).
“(…) também senti na pele tamanha desconsideração. ‘A mulher do Oeste, muito proativa’ foi imediatamente descartada, seja por me opor a algumas decisões logo no início do governo, seja por já ter cumprido o papel de contribuir com a sua vitória eleitoral”, desabafou.
Desabafo
Reinehr justifica a carta, na qual desabafa e endurece o tom com Moisés, com o que ela chama de “decepção e perplexidade da população catarinense”. Ela cita a investigação na qual o governador também se tornou alvo por suposta participação e interferência na escandalosa compra dos respiradores com dispensa de licitação.
A vice-governadora enumera situações e ações do governador que quebraram a confiança que ela havia depositado nele e que a fizeram embarcar na corrida eleitoral ao seu lado.
Promessas de mudanças não cumpridas, desvio da identificação com o presidente Jair Bolsonaro, falta de empatia e descaso com servidores e pessoas ligadas ao governo são algumas das ações pontuadas por Reinehr.
Além de fazer duras críticas ao governador, ela rompe com Moisés ao salientar que não há mais confiança na idoneidade, ética e no profissionalismo.
“Não há mais confiança, não somos mais uma dupla! Pelo contrário, Vossa Excelência desfez a chapa tão logo sentiu-se eleito, colocando-se como único representante à frente do governo estadual e trazendo para vosso entorno, o malfadado destino a que chegamos”, ressaltou.
Daniela fica no cargo
Apesar das críticas e do rompimento, Daniela Reinehr se mantém no cargo salientando que continuará trabalhando para que o Estado “volte a ser visto como realmente é e merece”.
“Ainda que na condição de vice-governadora, não medirei esforços para estabelecer e executar, com urgência, um planejamento para a recuperação econômica de Santa Catarina. Evidentemente, farei isso com o apoio de todas as forças producentes, ávidas por serem ouvidas e também valorizadas”, afirma.