A Federação Catarinense das Apaes (Feapaes) realiza nesta terça-feira (17), no Auditório Antonieta de Barros, o 2º Encontro Estadual dos Autodefensores das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes) de Santa Catarina. O evento tem o apoio da Assembleia Legislativa, por intermédio da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
“Nada sobre nós, sem nós” é o lema dos autodefensores e expressa o desejo de serem ouvidos e considerados como agentes em seus processos de reabilitação, educação, inclusão e defesa de direitos. A autodefensoria é um movimento desenvolvido pelas Apaes no qual os alunos têm espaço para sugestões e ideias visando à defesa de seus direitos.
“Os autodefensores representam os anseios, desejos e preocupações de seus companheiros dentro da Apae e, muitas vezes, eles são os portavozes e trazem para suas diretorias e para a própria federação as necessidades e o que eles gostariam que fosse feito por eles”, disse a presidente da Feapaes, Lorena Starke Schimidt.
Como representantes dos alunos, os autodefensores participam das reuniões, são convocados sempre para as capacitações e em todos os eventos dentro das Apaes eles são as figuras mais importantes, já que foram eleitos pelos seus pares, conforme a presidente.
O autodefensor estadual Claudemir Risi, da Apae de São Lourenço do Oeste, explicou que o seu papel é ouvir a opinião dos colegas. “O que meus colegas passam para mim, eu passo para a direção, e a direção conversa com a minha coordenadora e conversa com a federação. Isso para mim é muito gratificante, ver o sorriso deles, a alegria deles.” Risi fez questão de frisar o contentamento com o trabalho que desempenha. “É muito gratificante representar o meu estado. Eu amo o que eu faço, amo estar lá representando as Apaes. Adoro participar com meus colegas, quando tiver um atividade estou sempre ao lado deles.”
A autodefensora estadual Rosa Maria Silva, da Apae de Porto União, disse que o trabalho é buscar melhorias para os alunos e citou como exemplo a busca de mais acessibilidade. “A nossa ideia é melhorar cada vez mais a qualidade de vida das pessoas com deficiência. É um desafio diário, constante.”
O presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, deputado Dr. Vicente Caropreso (PSDB), destacou a importância do encontro, já que é preciso ouvir sempre aqueles que estão vivenciando o problema. “Encontros como esse são muito reais, muito vívidos e muito expressivos para que a gente possa melhorar cada vez mais em fazer acontecer dentro desse processo difícil de inclusão, mas cada vez mais amadurecido em nosso estado de Santa Catarina.”
Os deputados João Amin (PP), Ismael dos Santos (PSD) e Valdir Cobalchini (MDB) também prestigiaram a abertura do encontro.
“O empoderamento da pessoa com deficiência” foi o tema da primeira palestra do dia, ministrada pelo escritor Marcos Petry, jovem autista, e sua mãe, Arlete Petry. O evento prosseguirá durante o dia com conteúdos motivacionais.
Histórico
Em 1973, em países desenvolvidos surgiu um movimento chamado “a nova voz”, no qual as pessoas com deficiência intelectual passaram a se organizar, estabelecer critérios de liderança para que se fizessem ouvir e tivessem suas reivindicações levadas em consideração. No Brasil, o primeiro fórum de autodefensores foi realizado em Fortaleza, no Ceará, em julho de 2001.
Em Santa Catarina, a Semana Estadual de Valorização e Promoção dos Autodefensores das Apaes passou a ser comemorada na segunda semana de julho, após a aprovação da Lei 16.327/2014, de autoria do ex-deputado estadual José Nei Ascari.