Todos os dias, o Estádio Municipal Eduardo Zeferino Tiago, no Bairro das Nações, ganha forma com a chegada dos seus personagens principais na pista de atletismo: os atletas e paratletas de Balneário Camboriú, que chegam ao treino. Eles estão se preparando para os Jogos Abertos Paradesportivos de Santa Catarina (Parajasc). A competição, que acontece de 09 a 15 de outubro, terá a participação de 40 atletas de Balneário Camboriú, que vão competir no atletismo, bocha, basquete e handebol em cadeira de rodas.
Paulina Pereira da Silva, de 23 anos, é uma dessas paratletas. Ela sofreu no seu nascimento paralisia cerebral espástica (presença de rigidez muscular e dificuldade de movimento), seguida de meningite. Mas todas essas barreiras não a fizeram desistir ou desanimar. Paulina sempre teve muito apreço pelo esporte. Mas, devido ao preconceito, nunca conseguia praticar sem ser excluída. Certo dia, um professor notou sua capacidade no atletismo e a levou para o primeiro PARAJEBC em 2005, representando o CEM Presidente Médici, e conquistou o primeiro lugar.
Mas foi apenas em 2009 que conheceu a Associação de Apoio as Famílias de Deficientes Físicos (AFADEFI). Foi a partir desse momento que conquistou todos os seus direitos, como o passe livre e direito a fisioterapia. “Me deparei com muitas fotos de medalhas e troféus, e comentei que já tinha competido. A partir daí comecei a treinar e em 15 dias de treinamento já fui para as Paralimpíadas Escolares e ganhei três medalhas de prata’’, comenta.
Cleiton Freitas também é paratleta de Balneário Camboriú e sua história com o esporte é recente. Devido a um acidente de trabalho quatro anos atrás, ele sofreu lesão grave. Iniciou fisioterapia e apenas no ano passado descobriu em um exame detalhado que ficaria tetraplégico. Com isso, teve início de depressão e foi aí que começou a trajetória no esporte, o que mudou a sua vida.
Ele disputou o Parajasc em 2017, com apenas dois meses de treinamento na modalidade de arremesso de peso e lançamento de disco, conseguindo duas medalhas. Vai disputar ainda esse ano o Brasileiro e novamente o Parajasc, com expectativa de trazer medalhas novamente. “Quando eu entrei no paratletismo foi que eu comecei a sair mais de casa, ficar menos preso e rotulado. Sou casado e tenho dois filhos, consigo hoje dar mais atenção a eles. Consegui mudar a minha vida depois do esporte. Com ele minha adaptação foi melhor. Hoje, 80% das coisas que eu não fazia antes, agora eu faço’’, finaliza.
Os treinos ocorrem de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h30 e das 14h às 17h30. O técnico Caike Jacob Rovigo ressalta toda a determinação desses atletas e diz que além do Parajasc, ainda tem o Campeonato Brasileiro, nesta semana. O ciclo de 2018 termina com as Paralimpíadas Escolares em novembro.
O incentivo às modalidades adaptadas começa já na Rede Municipal de Ensino com o projeto “Paradesporto nas Escolas’’, onde mais de três mil crianças foram atendidas pelo FMEBC. O intuito é levantar a bandeira da inclusão e de igualdade para os pequenos.