A força do trabalho voluntário que atua em hospitais, que muitas vezes supre a falta de parentes dos pacientes e que fornece apoio moral, espiritual e físico a eles foi destacada nesta quarta-feira (7), durante o seminário promovido pela Comissão de Saúde em parceria com a Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira, que tratou sobre o terceiro setor, planejamento estratégico, captação de recursos e políticas públicas relacionadas.
O evento reuniu representantes de 28 grupos voluntários que atuam em diversas instituições de saúde pública ou privada em Santa Catarina. O proponente do seminário e vice-presidente da Comissão da Saúde, deputado Dr. Vicente Caropreso (PSDB), destacou que o evento teve como objetivo congregar as forças vivas da comunidade catarinense para, num esforço conjunto, planejar e executar ações que contribuam para melhoria da prestação dos serviços junto à rede pública de saúde, por intermédio da realização de evento técnico, além de ser uma oportunidade para integração, debates e ações futuras. “São pessoas que se dedicam a ajudar pacientes internados e que muitas vezes não sabem os caminhos para buscar recursos, sejam públicos ou privados. Foi um momento de troca de experiências e de valorização a essas pessoas.”
Caropreso enfatizou que também está preparando um projeto de lei para criar o Dia Estadual dos Voluntários que Atuam nos Hospitais. Para o parlamentar, é necessário envolver a sociedade civil e segmentos da gestão pública na análise do contexto atual e prospectar soluções viáveis, fomentar o trabalho voluntário nas unidades de saúde pública. “Um voluntário se desdobra e dá conforto aos pacientes. Estamos falando de doação pessoal e esse trabalho tem que ser valorizado e apoiado.”
Para o presidente da Comissão de Saúde, deputado Neodi Saretta (PT), o terceiro setor, no caso os voluntários que atuam nos hospitais, suprem uma falha que o Estado não consegue atender. “Muitas vezes é mais importante nos hospitais que em vez do enfermeiro ou do médico, o paciente receba o apoio destes voluntários, que ouvem e dão apoio a essas pessoas que estão em momento delicado.”
Exemplos de doaçõesFuncionando há dois anos em Jaraguá do Sul, a Casa São José, do Hospital São José, foi um dos exemplos apresentados durante o seminário. A casa, doada por um empresário do município, foi preparada para receber acompanhantes de pacientes da unidade que não têm condições financeiras para bancar os custos de hospedagem durante o tratamento. O diretor do Hospital São José, Maurício Souto Maior, relatou que neste período mais de 750 pessoas acompanhantes ficaram nesta casa, de forma gratuita, onde foram servidas 13.300 refeições, graças a um trabalho voluntário de 350 pessoas que se dedicam a ajudar pessoas em situação de revezamento de pacientes internados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e que necessitam de permanência próxima ao hospital.
A iniciativa, inovadora na região, é fruto de uma mobilização feita pela Comissão de Voluntários do hospital, que buscou referência no Oeste de Santa Catarina e também em casas com essa finalidade no Paraná. Toda despesa da casa, como água, luz, gás e outros são mantidas por meio do trabalho deste grupo de voluntários. O local conta com 24 leitos, sendo 16 femininos e oito masculinos. O encaminhamento para o local ocorre por meio de triagem feita pela assistência social do hospital, por busca ativa ou levantamento socioeconômico. A demanda mensal por acolhimento durante a noite é de cerca de 20 pessoas.
Hospital Nossa Senhora da ConceiçãoOutro exemplo destacado no seminário é o trabalho desenvolvido há mais de 40 anos em Tubarão por 15 grupos de voluntários que atuam no Hospital Nossa Senhora da Conceição. De acordo com a especialista em captação de recursos do hospital, Soraia Martins, atualmente 250 pessoas da região de Tubarão atuam nestes grupos que atendem os pacientes internados no local, oferecendo desde apoio espiritual a doações de remédios e bens necessários para melhora física.
Ela falou que o Hospital Nossa Senhora da Conceição recebe mais de 100 mil internações por ano e na emergência local são mais de 7 mil casos por mês. “São pessoas que se dedicam, dia e noite, nos finais de semana e feriados atendendo os pacientes mais necessitados. Os recursos para atender os pacientes são conquistados na própria comunidade por ações voluntárias e de apoio da população. Conseguir passar tranquilidade e conforto para essas pessoas é maravilhoso.” No período da noite, será promovido na Assembleia Legislativa um ato parlamentar solene em homenagem ao voluntariado dos hospitais filantrópicos.
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