Na perspectiva mais otimista, Santa Catarina terá uma vacina contra a Covid-19 disponível à população ainda no primeiro semestre de 2021, segundo a Federação Catarinense de Municípios (Fecam). A entidade, capitaneada pelos prefeitos do Estado, vai assinar no próximo dia 10 um protocolo de intenções com o Instituto Butantan para abrir um caminho para compra dos imunizantes.
Pela programação do Butantan, que é ligado ao governo do Estado de São Paulo, a vacina deve estar disponível a partir de 15 de janeiro para a população paulista, com doses fabricadas na China, em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. Num segundo momento, o Instituto adotará a tecnologia e começará a produzir as doses.
Com o protocolo de intenções assinado, a Fecam discutirá posteriormente detalhes como prazos, preços e quantidades. O produto não pode ser doado, então os municípios comprarão as vacinas diretamente do Butantan, ou o governo catarinense pode assumir os custos.
Segundo o presidente da Fecam e prefeito de Rodeio, Paulo Roberto Weiss, a vacina pode chegar "antes até" do segundo semestre, principalmente para grupos específicos, como profissionais de saúde.
"A previsão do Butantan é poder estar ofertando tecnologia no segundo semestre sim, mas ele pode trabalhar antes com grupos. Vamos estudar como vai ser a parceria", disse.
A expectativa é otimista e tem animado os prefeitos catarinenses. A assinatura do protocolo de intenções fez tanto sucesso que prefeitos do Rio Grande do Sul conversaram com a Fecam nesta sexta-feira (4) com o objetivo de replicar a ideia.
"A outra vacina [negociada pelo governo federal] vai demorar um bom tempo para acontecer. [...] Se a gente trouxer 50 mil vacinas para Santa Catarina para imunizar os profissionais de saúde já é uma grande conquista", afirmou Weiss.
Custos
Segundo projeções, a dose da Sinovac custa algo tem torno de R$ 60. Cada pessoa precisa tomar duas doses. Portanto, para imunizar toda a população catarinense, por exemplo, seriam necessários algo em torno de R$ 860 milhões.
O governo do Estado já anunciou que reservou R$ 200 milhões para compras de vacinas. Pelo custo da farmacêutica, isso seria suficiente para imunizar 1,6 milhão de pessoas.
"O município pode fazer uma reorganização financeira e garantir para alguns grupos a imunidade, que é muito mais vantagem para ele. [...] É mais vantagem a gente imunizar a comunidade através da vacina do que ficar pagando [teste]", disse Weiss.
Segundo ele, em Rodeio, a prefeitura gasta quase R$ 200 para comprar um teste do tipo PCR (aquele do cotonete no nariz). Mais caro do que a vacina. Ao todo, o município já gastou mais de R$ 250 mil para testar 1,3 mil pessoas - cerca de 10% da população.
Queda de braço
A possibilidade de compra da vacina criou atrito entre os prefeitos e o governo do Estado. Na última quarta-feira (2), o secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, disse que "quando se aproxima de São Paulo antes de se aproximar do Estado de Santa Catarina isso causa uma certa dualidade na condução do processo".
Isso acontece porque o Executivo estadual sinalizou que esperava o imunizante do governo federal. "O governo central [federal] é o responsável pela imunização da população brasileira e para isso nós precisamos que o governo dê um aval. Nós podemos ser parceiros na aquisição, mas precisamos ter uma ação única no Brasil", disse o governador Carlos Moisés da Silva, no último dia 27.
Entre os prefeitos, há o sentimento de que o Ministério da Saúde está 'perdido' e a vacina federal vai demorar muito tempo para chegar. Para piorar, o Ministério não tem um plano de imunização para Covid estabelecido, defendem.
"O tema vacina, até antes da Fecam pautar, não estava na pauta da imprensa e não estava na pauta do governo do Estado e da Secretaria de Saúde do Estado também. Simplesmente estavam esperando o plano nacional de imunização do governo federal", disse Weiss.
A assinatura
A Fecam levará uma comitiva para São Paulo para visitar o Instituto Butantan e a sala de crise da Covid-19 daquele estado. Alguns prefeitos devem estar presentes, mas ainda não confirmaram oficialmente, além de membros do conselho executivo da Federação.
Foram convidados também os deputados estaduais Neodi Saretta (PT) e Vicente Caropreso (PSDB), membros da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de SC (Alesc).
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