Ocupação elevada de UTIs pode aumentar média de vítimas de covid-19

O Brasil chegou nesta semana a 40 dias consecutivos com uma média diária de mais de 1 mil vítimas de covid-19, e a ocupação crítica de unidades de terapia intensiva (UTIs) em 19 estados pode elevar ainda mais o número de mortes causadas pela doença nos próximos dias. O alerta é do epidemiologista Diego Xavier, pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que afirma não ter dúvidas de que o país vive o momento mais grave da pandemia até agora.

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"Antes, havia tempos epidêmicos diferentes [em cada estado], e, agora, a gente tem uma grande onda no país inteiro ao mesmo tempo. E quando a gente tem isso, não tem como remanejar [recursos e pacientes] de uma região para outra, ou de um estado para o outro".

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A média móvel de mortes é calculada por meio da soma dos óbitos confirmados nos últimos sete dias, dividida por sete. O indicador é considerado importante para reduzir as oscilações diárias de notificações e se aproximar de uma tendência da pandemia. Além disso, mortes são consideradas pelos especialistas menos sujeitas à subnotificação do que as infecções, já que são mais investigadas. As contaminações, por sua vez, muitas vezes não são testadas ou se dão de forma assintomática.

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Em 23 de janeiro deste ano, a média móvel de mortes por covid-19 no país voltou a superar 1 mil vítimas diárias, segundo o painel Monitora Covid-19, da Fiocruz, e já está nesse patamar há 41 dias de forma ininterrupta. No ano passado, o período mais longo com uma média de mais de 1 mil mortes por dia durou 36 dias, entre 3 de julho e 7 de agosto.

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O indicador cresceu até que, em 14 de fevereiro de 2021, a média de vítimas bateu o recorde do pico da pandemia em 2020, com 1.101 pessoas mortas por dia. Desde o dia 24 de fevereiro, sucessivos recordes de óbitos elevaram a média até 1.330 pessoas por dia, em 3 de março, se considerados os dados do dia corrente e dos seis dias anteriores. 

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Ocupação de UTIs

Diego Xavier explica que os números atuais são um “retrato atrasado”, de quando a ocupação dos leitos de UTI ainda não havia atingido a situação atual. "Esse dado [a média móvel de mortes] tem um atraso que pode chegar a três semanas, dependendo do local em que é feito o registro, porque depende da estrutura de registro", afirma.

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"Se a pessoa que não conseguir se internar depois for a óbito, primeiro vai ser feito um registro desse óbito, o diagnóstico como covid, nesse caso, vai entrar na fila para digitação [no sistema], e só então a gente tem esse dado. O que a gente está olhando agora [na média de mortes] é um reflexo do passado. A tendência é que volume de óbitos aumente."

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A ocupação dos leitos de UTI para covid-19 no SUS atingiu a zona de alerta crítica em 18 estados e no Distrito Federal, segundo boletim do Observatório Covid-19 da Fiocruz divulgado em 1° de março. São classificados dessa forma os locais em que a proporção de vagas ocupadas supera os 80%. Santa Catarina tinha a situação mais grave do país, com 99% de ocupação. 

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Xavier avalia que o cenário é resultado de uma combinação de fatores que vão desde as aglomerações de fim de ano e carnaval até a sensação prematura de segurança com o início da vacinação, além do surgimento da variante P.1 do coronavírus, considerada mais contagiosa.

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Como as férias, o verão e as datas comemorativas são comuns a todo o país, e a doença já havia se espalhado no interior, as aglomerações provocaram uma alta generalizada de casos, o que se agravou com a falta de medidas para conter a dispersão da variante de Manaus no território nacional.

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"Esses movimentos, capilarizados, com todo mundo se movimentando ao mesmo tempo, fizeram com que a doença crescesse tanto no interior quanto nas capitais", afirma Xavier. 

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Medidas restritivas

O epidemiologista recomenda que medidas restritivas sejam tomadas de forma articulada entre todas as esferas de governo. Ele alerta que os gestores não podem esperar a ocupação das UTIs chegar a uma situação crítica para agir. 

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"Temos muitos municípios tomando medidas isoladas, mas a rede de atenção em saúde não é isolada. Na rede de UTIs, tem um município polo maior e municípios satélites que dependem dessa rede. Se um município dentro dessa rede toma medidas restritivas e os outros não, os leitos vão ser ocupados da mesma maneira", afirma, defendendo que medidas restritivas sejam endurecidas mesmo nos estados em que a ocupação das UTIs ainda não é crítica. "A gente precisa evitar que a pessoa pegue a doença, e não, depois que ela pegou a doença, fazer lockdown e tentar criar novos leitos, porque o estrago já vai estar feito." 

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A própria capacidade de criar leitos, lembra ele, é limitada, e não apenas pela disponibilidade de recursos financeiros. "A gente tem um limite de equipes de saúde, porque elas também ficam doentes e são limitadas. Você consegue criar um leito de um dia para o outro, mas não consegue formar um profissional capacitado para uma UTI de um dia para o outro."

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A pesquisadora em saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro Chrystina Barros destaca que a dificuldade de avançar na vacinação e a falta de controle de circulação e vigilância das novas variantes aumentam a preocupação com o cenário atual. A professora avalia que as novas medidas de restrição são bem vindas, mas precisam ser mantidas por ao menos 14 dias para surtir algum efeito na circulação do vírus.

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"Existe um tempo entre a contaminação pelo vírus e a manifestação dos sintomas em até duas semanas. Por isso, qualquer liberação antes desse período é prematura", afirma.

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"Estamos em um contexto em que a circulação de pessoas entre municípios ou entre estados não tem nenhum controle de vigilância epidemiológica, e esse é o maior problema. Não temos a informação exata do impacto que essas variantes estão trazendo no aumento do número de casos". 

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