"Feminicídio é uma morte anunciada": palestrantes defendem prevenção da violência contra a mulher

Deputada Luciane Carminatti ao microfoneACESSE O SITE

A palestrante Alice Bianchini defendeu que o feminicídio é uma morte anunciada e evitável durante a palestra “A Contribuição do Legislativo na Prevenção à Violência Contra a Mulher”. A discussão aconteceu nesta quinta-feira (7) e faz parte da programação do Congresso de Direito Constitucional e Legislativo, promovido pela Alesc e pela Unale.

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A mesa também contou com a participação da defensora pública Anne Teive Auras, que falou sobre o trabalho da Defensoria Pública Estadual na proteção e defesa dos direitos das mulheres vítimas de violência. A mediação foi da deputada Luciane Carminatti (PT).

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A deputada alertou que “esse é um tema que não é só para as mulheres, é sobretudo para os homens”. Também destacou a dificuldade de aprovar projetos de lei sobre o tema, pois a composição do Legislativo estadual é de 37 homens e apenas 3 mulheres eleitas. “As mulheres continuam morrendo e os projetos parados”.

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Tanto as palestrantes como a mediadora concordaram que já existem diversas legislações de proteção às mulheres, mas os números da violência não caem. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, somente entre janeiro e setembro de 2024, houve 41 feminicídios em Santa Catarina. O número deve superar os casos do ano passado, que ao longo dos 12 meses somaram 57 assassinatos motivados por gênero.

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Os altos números foram apontados por Bianchini como um erro das legislações ao focar somente na punição dos agressores e não fazer ações de prevenção. Para ela, a história de vida de mulheres vítimas de feminicídio é diferente, mas a história de morte é igual. Todas passam pelo ciclo da violência doméstica, que é composto por três etapas: o aumento da tensão, momento anterior à agressão; a agressão é a segunda etapa do ciclo e, por fim, o período de “lua de mel”, quando o agressor se mostra arrependido e promete mudar. Esse ciclo se repete, aumentando a violência e a frequência até culminar no assassinato da mulher.

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Para que as mulheres interrompam esse ciclo, Bianchini destaca que é necessário políticas públicas que garantam proteção efetiva, independência econômica e cuidado com os filhos. Ela apresentou pesquisa que mostra porque mulheres permanecem em relações violentas: 73% têm medo do agressor, 61% dependem financeiramente e 60% têm preocupação com a criação dos filhos.

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A defensora pública Anne Teive Auras também destacou a necessidade de projetos educacionais para mudança cultural. "A violência contra a mulher é causada por uma estrutura machista da sociedade. Isso envolve uma série de violências que são normalizadas, como o silenciamento e descrédito das mulheres." Segundo ela, a violência não será solucionada apenas prendendo os agressores.

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Além disso, explicou que a Defensoria Pública Estadual oferece orientação e suporte jurídico a mulheres vítimas de violência. No atendimento individualizado, o órgão entra com pedidos de medidas protetivas e acompanha todo o processo de ações judiciais contra o agressor. Já nos direitos coletivos, o órgão atua no monitoramento de políticas públicas.

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A palestrante disse ainda que a maior parte dos atendimentos da Defensoria é relacionado às mulheres. Segundo dados da Defensoria Pública de São Paulo, 77% dos atendimentos são para o público feminino. Elas chegam ao serviço com as mais variadas demandas: direito à saúde, educação, defesa criminal e quando são vítimas de violência. Para a defensora pública, a entidade deve ser fortalecida pois também é uma política pública para as mulheres em situação de violência.

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Palestrantes Alice Bianchini é doutora em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, conselheira de Notório Saber do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), vice-presidenta da Associação Brasileira de Mulheres de Carreiras Jurídicas (ABMCJ) e coordenadora do Curso de Especialização Direito das Mulheres: teoria, prática e ação transformadora. Possui diversos livros publicados na área do direito.

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Anne Teive Auras é Defensora Pública do Estado de Santa Catarina e coordenadora do Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres da Defensoria Pública de Santa Catarina (Nudem). Também é membra da Comissão de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres do Conselho Nacional das Defensoras e Defensores Públicos-Gerais (Condege) e da Comissão dos Direitos das Mulheres da Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos (Anadep). Além disso, é coordenadora do Observatório da Violência contra a Mulher de Santa Catarina (OVM).

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Com a colaboração de Cintia de Oliveira

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Fonte: Agência ALESC

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