Em agosto de 2024, um levantamento do Banco Central revelou que 20% do valor total repassado pelo Bolsa Família foi utilizado em apostas esportivas online. O montante chega a R$ 3 bilhões e foi movimentado principalmente por meio de transações Pix, evidenciando a crescente popularidade das apostas entre os beneficiários do programa e levantando preocupações sobre o uso do auxílio financeiro.
Cerca de 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família realizaram apostas nesse período, o que representa 25% do total de 20 milhões de famílias atendidas pelo programa. Em média, cada apostador gastou cerca de R$ 100 em apostas esportivas. Um dado preocupante é que 70% desses apostadores são chefes de família, contribuindo com R$ 2 bilhões do total movimentado em jogos de azar online.
No total, o Banco Central identificou um montante de R$ 21,1 bilhões em apostas realizadas via Pix durante o mês de agosto, envolvendo todos os apostadores e empresas de apostas rastreadas por esse sistema de pagamento instantâneo. Vale ressaltar que esse valor não contabiliza outros meios de pagamento, como cartões de crédito ou débito, o que sugere que os números reais podem ser ainda maiores.
Especialistas financeiros alertam para os riscos associados a essa tendência. Embora as apostas possam gerar prêmios esporádicos, na maioria das vezes resultam em perdas financeiras, impactando diretamente o orçamento de famílias de baixa renda. Isso é ainda mais relevante para as famílias do Bolsa Família, que dependem desse benefício para manter a subsistência. A análise técnica identificou que 17% dos beneficiários estavam envolvidos em apostas, destacando a vulnerabilidade desse grupo.
Em uma tentativa de controlar o uso inadequado dos recursos do Bolsa Família e reduzir riscos de inadimplência, o governo anunciou a proibição do uso de cartões de crédito para apostas de alíquota fixa, incluindo apostas esportivas e jogos online, a partir de janeiro de 2025. Essa medida pretende coibir o acesso fácil ao crédito para essas atividades e promover uma gestão financeira mais consciente entre os beneficiários.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) sugeriu adiantar esse prazo, argumentando que o uso indiscriminado de crédito para apostas está aumentando o custo geral do crédito no país, além de contribuir para o aumento do endividamento entre famílias de baixa renda.
Além disso, foram estabelecidas restrições para pagamentos que dificultam a identificação da origem dos recursos, como dinheiro em espécie, boletos, cheques e criptoativos. A partir de 2025, serão permitidos apenas pagamentos feitos por meio de Pix, cartões de débito, Transferências Eletrônicas Disponíveis (TED) e cartões pré-pagos.
O uso do Bolsa Família em apostas esportivas levanta uma série de questionamentos sobre a gestão financeira das famílias beneficiárias e a eficácia do programa no combate à pobreza. A iniciativa do governo de restringir o uso de cartões de crédito e regular as transações tenta garantir que o auxílio seja utilizado para suprir necessidades básicas, como alimentação e moradia, e não para jogos de azar.
O impacto do uso de parte do auxílio em apostas também reforça a importância da educação financeira e da conscientização sobre os riscos associados ao uso inadequado dos recursos do programa. Afinal, o objetivo do Bolsa Família é proporcionar estabilidade e dignidade para famílias em situação de vulnerabilidade, algo que pode ser prejudicado pelo desvio de recursos para atividades como apostas online.
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