Autoridades do Brasil e dos Estados Unidos se reúnem nesta segunda-feira (27), na Malásia, para abrir oficialmente as negociações sobre o recente aumento de tarifas comerciais imposto por Washington a produtos brasileiros. O encontro acontece após uma reunião reservada entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, realizada no domingo (26), ainda no contexto da 47ª Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean).
A reunião entre representantes ocorre na manhã de segunda-feira (horário local), ainda na noite de domingo pelo horário de Brasília, e marca o primeiro passo concreto no processo de negociação. A delegação brasileira é liderada pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, enquanto o lado norte-americano é representado por Jamieson Greer, chefe do Escritório de Representação Comercial dos Estados Unidos (USTR). Ambos acompanharam seus respectivos presidentes na reunião anterior.
Segundo fontes próximas ao Palácio do Planalto, o governo brasileiro avalia que houve sinalização positiva por parte de Trump para uma solução célere do impasse. A escolha da cúpula da Asean como ponto de partida para as conversas é vista como estratégica, já que era o encontro multilateral mais próximo disponível na agenda de ambos os países.
Após o encontro com Lula, o presidente norte-americano teria determinado que sua equipe desse início imediato às conversas. Poucas horas após a reunião entre os chefes de Estado, Vieira e Greer mantiveram contato telefônico e alinharam o encontro formal desta segunda-feira.
O governo brasileiro levou à mesa a solicitação de suspensão temporária das tarifas enquanto durarem as negociações. Também foi manifestada disposição do Brasil em colaborar diplomaticamente em outras frentes, como a mediação da crise envolvendo os Estados Unidos e a Venezuela.
Fontes diplomáticas relataram que, no encontro entre os presidentes, Trump demonstrou maior interesse em ouvir do que em apresentar propostas, mas sinalizou intenção de avançar com as conversas. “Acho que vamos conseguir fazer alguns acordos muito bons que estamos discutindo, e eu acho que vamos acabar tendo um relacionamento muito bom”, afirmou o líder norte-americano após a reunião.
A expectativa do governo brasileiro é de que os representantes dos EUA detalhem suas exigências e prioridades já neste primeiro encontro técnico, o que pode abrir caminho para novas rodadas de negociação nas próximas semanas.
O Planalto encara o desfecho desse impasse como estratégico não apenas para setores exportadores brasileiros diretamente afetados pelas tarifas, mas também para a retomada de uma agenda comercial mais estável entre os dois países.
