De acordo com reportagem publicada pela Folha de S. Paulo em 1º de outubro de 2024, um suposto esquema de caixa dois eleitoral envolvendo o ex-senador e ex-governador Leonel Pavan (PSD) e sua filha Juliana Pavan(PSD), candidatos às prefeituras de Camboriú e Balneário Camboriú, respectivamente, ganhou destaque. As alegações surgiram após a divulgação de áudios e mensagens que sugerem repasses financeiros em troca de promessas de contratos públicos nas mencionadas cidades de Santa Catarina.
Denúncias e Evidências
A matéria da Folha indica que Leonel Pavan teria recebido aproximadamente R$ 1,075 milhão via Pix de empresários interessados em contratos com as prefeituras de Camboriú e Balneário Camboriú. Esses valores teriam sido intermediados pelo lobista Glauco Piai, ligado ao PT de Itajaí e ex-assessor de Marta Suplicy na Prefeitura de São Paulo. Em setembro de 2024, Piai foi preso com R$ 100 mil em dinheiro vivo na região, conforme apurado pela reportagem.
Nos áudios obtidos, Piai sugere que os fundos seriam destinados a Pavan em troca de contratos relacionados à administração de creches, merenda escolar e obras públicas. Além disso, ele mencionou a possibilidade de assumir o cargo de secretário de Governo caso Pavan fosse eleito. Entre os repasses destacados está um suposto valor de R$ 500 mil provenientes de um empresário conhecido como “Turquinho” e de duas empresas de tecnologia. Em fevereiro de 2024, Piai detalhou a destinação de R$ 20 mil semanais para Pavan e R$ 20 mil mensais para uma agência de comunicação vinculada à campanha de Juliana Pavan, transferências realizadas por meio da empresa Traccia Construtora e Incorporadora Ltda.
A reportagem também aponta a participação de outros empresários, como Sergio de Carvalho Gegers, que teria transferido R$ 100 mil para a empresa de Piai em agosto de 2024, e Felipe Augusto Souza de Albuquerque, da Construtora Soberana Ltda de Manaus, que teria enviado R$ 300 mil visando controlar pequenas obras nas cidades envolvidas.
Defesa dos Acusados
Em resposta às acusações, Leonel Pavan utilizou suas redes sociais para negar as alegações, classificando-as como “mentiras grosseiras” e parte de uma estratégia adversária para prejudicar sua campanha. Ele ressaltou a importância de uma eleição limpa, baseada em propostas e não em falsidades.
Juliana Pavan também refutou as acusações por meio de sua equipe, afirmando que as alegações contra seu pai são infundadas e que está disponível para esclarecer quaisquer dúvidas sobre a transparência de sua campanha.
Glauco Piai, identificado como intermediário nos repasses, alegou que os áudios foram obtidos por meio do roubo de seu celular e que os dados não devem ser considerados. Ele apresentou um vídeo supostamente mostrando o furto de seu aparelho em um bar.
O empresário Eli Herbert Frezolone, mencionado nos áudios como intermediador de negociações, negou a existência de repasses financeiros, justificando que contratos públicos futuros devem seguir processos licitatórios. Sergio de Carvalho Gegers, inicialmente negando envolvimento, posteriormente afirmou por meio de sua assessoria jurídica que as conversas mencionadas originaram-se de um celular envolvido em crime e que não possui contratos com órgãos públicos.
Resposta Formal de Leonel e Juliana Pavan
A equipe de Leonel Pavan divulgou uma nota reiterando que as denúncias são infundadas e fazem parte de uma campanha desesperada do Partido Liberal, principal adversário eleitoral. Pavan esclareceu que os valores mencionados nos áudios referem-se a uma transação imobiliária privada realizada antes do período eleitoral, devidamente formalizada e com os impostos pagos. Ele também destacou que o terreno envolvido ainda não foi completamente quitado, com parcelas futuras previstas.
Juliana Pavan, por sua vez, expressou pesar pelas acusações e reforçou o compromisso de sua campanha com a transparência, oferecendo-se para esclarecer qualquer dúvida sobre sua integridade.
Fonte : Folha de S. Paulo
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