O deputado joaçabense Paulo Stuart Wright – o mais conhecido dos desaparecidos catarinenses durante o regime militar – é quem dá o nome ao plenarinho da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), um dos principais palcos de debates e reuniões do Parlamento.
Eleito deputado estadual em 1962, foi cassado em maio de 1964, sob o argumento de que comparecia às sessões sem paletó e gravata. Em 1993, teve o mandato restituído, em ato post-mortem. Dois anos depois, no dia 26 de junho de 1995, a Alesc presta mais uma homenagem a Paulo Stuart Wright, ao usar o seu nome para denominar o plenarinho da Casa.
Filho de missionários presbiterianos norte-americanos, Maggie Belle Wright e Lothan Ephrain Wright, nasceu em 1933, em Joaçaba. As condições de trabalho dos operários sempre foi uma preocupação para o jovem Paulo Stuart Wright. “Ele significou uma mudança inusitada para a política padrão que se fazia em Santa Catarina, entre os anos 50 e 60. O estado era dominado por dois partidos políticos oligárquicos e elitistas, o PSD e a UDN. Wright significou uma alternativa no interior desta estrutura partidária sólida, com uma vinculação com os movimentos populares”, destaca o professor do Departamento de História da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Reinaldo Lohn.
O professor diz que Paulo Stuart Wright sempre fez questão de atuar junto aos trabalhadores manuais, na construção civil ou como torneiro mecânico. “Ele tinha essa vinculação a partir de sua religiosidade, de sua família de missionários presbiterianos, com trabalho de assistência social. Então ele, neste quadro de política no estado significou um contraste bastante acentuado. Uma pessoa que contesta posições políticas consolidadas e que atua de baixo para cima”.
A preocupação com os trabalhadores o levou a trabalhar na construção civil em Los Angeles (EUA), nas férias dos seus estudos de pós-graduação em sociologia. Nos Estados Unidos, onde residiu por cinco anos, também fundou um grupo contrário à discriminação racial.
Personalidade marcante
De volta ao Brasil, e casado com Edimar Rickli, o casal se engajou num projeto da Igreja Presbiteriana nas fábricas paulistas. Wright aprendeu o ofício de torneiro-mecânico e atuou no bairro operário de Vila Anastácio. O primeiro filho do casal acabou falecendo por falta de assistência adequada do hospital em que estava internado. “Ele jurou que lutaria para que isso não se repetisse na vida de outros operários. Foi sua convicção que não fez com ele procurasse um tratamento em outros hospitais para a criança”, diz Lohn.
Para o professor, é difícil definir a personalidade do jovem Paulo Stuart Wright, mas é possível entender a complexidade social do pós-Segunda Guerra Mundial, numa época de protagonismo da juventude. “Nos anos 60, a juventude surge como um movimento político. O fato de ser jovem representava apresentar ideias novas, apresentar uma postura contestadora à estrutura vigente. Fora isso, ele tinha um sentimento de humanismo cristão muito acentuado que fazia parte de sua denominação religiosa”, conclui Lohn.
Fonte: Agência ALESC