Estudantes da rede municipal fazem aplicativo que alerta sobre desastres ambientais


A estudante Eloá Makiyama da Rocha, do 9º ano da Escola Básica Municipal de Florianópolis Henrique Veras, desenvolveu um aplicativo de celular para avisar sobre desastres ambientais. A ideia do DAA (Denúncias e Avisos Ambientais) Floripa surgiu depois que ela e sua família foram impactadas com o rompimento da barragem na Lagoa da Conceição, bairro onde ela estuda e mora.

O aplicativo foi concebido no programa da Technovation. Trata-se de uma competição que acontece mundialmente, com o objetivo de inserir meninas de 10 a 18 anos no mundo da tecnologia, vinculado à ONU, comandado pelo grupo da Technovation Girls Floripa, existente também em outros estados.

Mesmo durante o ensino remoto a professora de Educação Física Rosângela Martins dos Santos convidou, e conseguiu, 3 meninas interessadas. Mas, para participar do programa nos sábados à tarde, apenas a Eloá tinha disponibilidade e tempo. Rosângela percebeu que poucas garotas cursam o ensino superior em ciências da tecnologia ou ciências da computação, e que então seria importante que as meninas tivessem essa experiência.

Assim sendo, as colegas Mariana Santini, que estuda na EBM Virgílio dos Reis Várzea, a Micaela Previatti, da EBM Herondina Medeiros Zeferino e a Nalu Rutz Mick, do Colégio de Aplicação UFSC, ajudaram Eloá no desenvolvimento do APP. “Eu gostei da ideia do app, gostei de desenvolvê-lo e achei o projeto bem interessante”, explica Micaela Previatti.

“Foi muito divertido! O que eu mais gostei do aplicativo é que ele vai ajudar a comunidade, informando sobre possíveis desastres ambientais. O app ficou como nós esperávamos!”, relata a colega Mariana.

O grupo contribuiu na criação e planejamento com o intuito de que o aplicativo fosse acessível para todos, portanto, disponível para todos os celulares (Android ou IOS). Foi necessário que elas pesquisassem muito para que o projeto se concretizasse, conta Eloá: “Fizemos o projeto em etapas, primeiro encontramos um problema ambiental no cotidiano que nos deixou desconfortáveis, que foi o rompimento da barragem na Lagoa, e em seguida, procuramos soluções para o problema. Na parte prática criamos o aplicativo, relatando o acontecimento”.

Para isso, elas desenharam a tela de cada parte do APP e fizeram a montagem em um aplicativo de celular chamado “MIT”, transformando no DAA Floripa. O público, ao baixar o aplicativo, faria o login como comunidade ou empresa. Em seguida, teriam páginas para acessar, com: contatos de órgãos parceiros, notícias atualizadas sobre a situação ambiental de cada região, quadro de avisos para situações de emergência e espaços para denúncias da comunidade sobre crimes ambientais.

A RECOMPENSA DO APRENDIZADO

Eloá teve o auxílio de três mentores da Technovation: Juliana Jacinto da Silva, Beatriz Ruthes dos Santos e Bernardo da Costa Santos. Juliana relatou que a proposta do aplicativo é conectar a população e órgãos responsáveis, podendo ser um meio de comunicação entre a associação de moradores ou pessoas da comunidade em geral.

A comunidade sinaliza quaisquer tipos de problema que tivessem enfrentando, denunciando possíveis riscos na área onde vivem, e que as autoridades possam dar um retorno para a comunidade, atuando na resolução das denúncias. “Foi muito incrível porque são meninas de 10 até 14 anos construindo um aplicativo do zero, pensando em um problema real e em uma possível solução”, diz Juliana.

A mentora Juliana conta ainda como foi a postura da estudante na execução do projeto: “Durante todo o processo a Eloá foi uma estudante muito proativa, sempre trazendo muitos dados da sua realidade e se interessando pelo conhecimento em tecnologia, que era algo novo para ela. Ela aprendeu muito rápido, era a mais velha do grupo e incentivava as meninas”, relata ela.

“Tenho que admitir que não me interessava por tecnologia, mas me surpreendi com o resultado. Gostei, e faria tudo de novo”, menciona Eloá, orgulhosa.

A professora Rosângela, da Escola Básica Municipal Henrique Veras, participou das reuniões e depois Eloá seguiu com uma mentoria.

EM BUSCA DE PARCERIAS

Atualmente, o aplicativo ainda é um protótipo e está em fase de testes, portanto, ele ainda não pode ser baixado pelo público em geral, empresas e órgãos. Mas, a equipe pretende fazer parcerias futuramente para a concretização do projeto: “Como estamos lidando com áreas ambientais, pensamos em falar com os órgãos públicos de Florianópolis, como a CASAN e a prefeitura”, diz a estudante da rede.

“Uma iniciativa como essa é muito importante, pois dá oportunidade para a juventude mostrar o seu interesse em fazer parte de um bem maior para a nossa sociedade, usando-se da tecnologia, que faz cada vez mais parte do nosso cotidiano”, afirma o secretário municipal de educação, Maurício Fernandes Pereira.

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Redação SC Hoje
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